Justiça Interrompida é uma reflexão crítica sobre o que a filósofa Nancy Fraser denomina condição "pós-socialista". A autora procura compreender os desafios impostos pela derrocada dos socialismos no final dos anos 1980, pelo surgimento das políticas de identidade e pela fragmentação das frentes de luta progressista. Os textos e ensaios reunidos na obra, escritos entre 1990 e 1996, iluminam a polarização política e intelectual contemporânea, o quase abandono das reivindicações por redistribuição igualitária e o aumento de mobilizações sociais por reconhecimento, esvaziadas no termo "políticas identitárias". Fraser nos oferece um quadro teórico abrangente para analisar as diferentes causas e soluções para as injustiças econômicas e culturais. Evitando posturas economicistas, que rechaçam políticas de reconhecimento como "falsa consciência", bem como posturas culturalistas, que rechaçam políticas redistributivas como antiquadas, a autora desenvolve um modelo de crítica social que integra as duas dimensões. A obra traz elementos para escaparmos do quadro de fragmentação e carência de uma visão alternativa de sociedade emancipada: "A atual ausência de uma visão utópica certamente está longe de corroborar a afirmação rasa de Francis Fukuyama de que 1989 representa o 'fim da história'. Não há qualquer razão para acreditarmos que isso vá durar. Mas essa ausência caracteriza nossa situação. Pelo menos até o momento, as lutas progressistas não estão ancoradas em nenhuma visão credível de uma alternativa à ordem atual. Como consequência, a crítica política é pressionada para que refreie suas ambições e permaneça 'de oposição'. Em certo sentido, estamos sem rumo", escreve Fraser na introdução.
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