Katya fez um trabalho alentador. Mais do que tentar salvar ou demonizar a juventude, mostra, analisando a política editorial de uma revista específica associada à imprensa em geral, a produção não só de uma noção binária de juventude, mas de toda uma ideologia sobre esse grupo social. Ideologia que mescla pressupostos "naturais" - a juventude como uma fase da vida, repleta de potência - com a clara compreensão de que ela é destinatária inconteste de práticas de formação. Sobre o período, da ditadura civil-militar, o texto também não se equivoca: a polarização entre diversas maneiras de ser jovem era a aposta de um novo e potente mercado que ia da contracultura ao rock, mas também do nascimento dos shopping centers à afirmação da cultura fitness. Cultura de massas, sempre fomentada pelos regimes de exceção, que não se cansam de mobilizar os jovens para as causas mais diversas. A produção de uma sensibilidade para o mercado, de maneira refinada capturada pela autora, parece ter sido o fim último daquela iniciativa editorial. Que ecos daquela experiência podemos perceber nas formas de ser jovem nos dias de hoje? Faz sentido buscar por aqueles ecos?
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