"Olha agora para os céus e conta as estrelas, se é que as pode contar..." Gênesis 15:5 Lacan no texto "Da Incompreensão e outros temas" em Estou falando com asparedes (2011), diz que há, em certos contextos de discurso, uma escolha que é a de escutar um texto, mas também uma escolha menos arbitrária que é a de vir a escutá-lo em função de elementos da memória. Isso tem um significado e comporta um signo, de um sujeito que desliza na cadeia de significantes do discurso. No entanto, a unidade de vários significantes não é um significado, mas uma significância. A significância é uma "extração" e se encontra entre dois significantes num espaço vazio. Ela serve para aproximar coisas com um grupo mínimo de significantes, como, por exemplo, nas palavras de um provérbio. Nossos avós já falavam de sabedoria "proverbial". Sabemos a quem um provérbio se aplica e quando se aplica, mas um provérbio não é constituído de frases explícitas. Seu valor está "entre" as palavras, refere-se às coisas, mas não são as coisas, apenas indícios que os significantes servem para aproximar e destacar. Nesse sentido, as coisas que têm valor de significância são aproximativas e têm seu lugar na memória. Juntar o que está escrito na memória traz uma revitalização ao texto e seus espaços se abrem a nós, leitores e leitoras.
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