Uma arte que foi tecida por poucas e muitas vezes por poucos, no masculino. Escrever como uma mulher e para todos é uma arte de difícil conquista. A arte de escrever no Brasil historicamente esteve centrada no gênero masculino e delimitada pela classe social. Se a estrutura e as regras inerentes à escrita já foram e, para muitos, ainda são de difícil acesso, quebrar as fronteiras da escrita pela classe e pelo gênero foi uma luta histórica. Foi contra esse deslocamento, esse suposto lugar doentemente naturalizado e quase cristalizado, que eu e o professor Iranilson Buriti construímos a disciplina "Metodologia da Escrita em História". Como um corpo de homens e mulheres inscrito culturalmente pelo "Não", o "Não consigo", o "Não entendemos" ou o "Não posso" ESCREVER territorializava cada um dos sujeitos. Para ajudar nessa batalha contra as impossibilidades, a disciplina de "Metodologia da Escrita em História" foi repensada e construída para fortalecer as experiências existentes por nós, professores, e pelos alunos como um punhal para destruir os medos e as angústias de começar a escrita. Nunca a morte do medo foi tão desejada para ver o que queríamos escrever e como escrever. De forma sutil e delicada tudo foi vivenciado. Das redescobertas de refazer os projetos do mestrado às narrativas pelo professor Buriti sobre o chapéu do seu pai. Como um olhar sensível sobre um chapéu, uma rede, um paletó ou sobre as narrativas memoriais podem criar uma escrita de si e do outro? Como os sentimentos representados pela saudade, a tristeza, a solidariedade, os sonhos, a amizade, as astúcias do ensino, como também as artes, na esteira da música e da dança, podem acompanhar as pesquisas nos arquivos e serem transformadas em escritas pelas quais é possível pulverizar as múltiplas verdades? Foram caminhos da escrita que contribuíram para a morte do medo. O medo de começar e experimentar. Este livro é um rascunho de invenção de si e do Outro pelo exercício da múltipla escrita do sensível. Escrever como uma agonia da morte em que o aceno dos sentimentos e das emoções transformam dores em parto de paixões. É assim a construção desta escrita. Uma escrita aprendida pela troca de olhares entre professores e alunos. Uma escrita em caminho para atravessar rios, montanhas de desejos, para construir outras escritas. Um exercício de viver a pesquisa e a escrita como um pedaço de si, mas também do Outro. Convido a todos e todas a lerem as experiências de cada escrita como um tecido produzido fio a fio com suas cores e suas dores.
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