Quando conheci o Juan, tudo o que passei a desejar foi formar uma família com ele. Imaginava que nossos filhos seriam lindos mesticinhos de cabelos e traços afro e talvez com olhos claros. Foi tudo detalhadamente planejado. Fiz exames, me cuidei, tomei ácido fólico e conseguimos, logo no segundo mês após eu parar de tomar a pílula. Como mamãe de primeira viagem, e vivendo em plena era da internet, pesquisei muito sobre o tema. Vi mulheres relatando que a gravidez e ser mãe não tinha apenas o lado bonito que vemos publicado nas redes sociais e TV. Vi que ser mãe é um trabalho árduo, que exige dedicação e, quando possível, preparação. E me preparei para isso. Me preparei para ver meu corpo modificado de diversas maneiras. Me preparei para sentir meus órgãos apertando até me faltar o ar conforme minha filha crescia. Me preparei para ter muita queda de cabelo após o parto. Me preparei para não ter uma noite de sono decente por pelo menos dois anos. Me preparei para ter que interromper meu almoço para trocar uma fralda... Porém, nada e ninguém me preparou para o pior. O aborto é uma realidade que, em média, 30% das grávidas vivem, porém nem sempre são alertadas nem mesmo pelos médicos. Quando comecei a escrever este diário, minha intenção era um dia imprimi-lo em formato de um lindo livrinho e presentear minha filha, talvez em seu aniversário de 15 anos. Infelizmente, esse dia não chegará. O que era para ser um presente, hoje não passa de um desabafo de uma mãe com braços e ventre vazios e uma filha que ela nunca conhecerá.
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