O cotidiano é permeado por diferentes expressões da questão social - movimento e reprodução indelével da marca da "miserabilidade humana", que de forma geracional perpetuam as feridas de uma sociedade adoecida, empobrecida historicamente não somente de recursos mas principalmente de valores; nas relações baseadas na exploração e no aviltamento dos mais vulneráveis, que sujeitos a tamanha desigualdade são, na contemporaneidade, o que podemos qualificar de um grande exército de excedentes, "não pertencentes", ao mundo capital e globalizado, sujeitos que desalentados sobrevivem por sobreviver. E daqueles que não foram engolidos ou não se renderam ao sistema e seguem na luta diária pela garantia dos seus direitos em meio às tensões próprias que são impostas por esta relação de conflito com uma sociedade excludente e hipócrita. Nestes poemas, observa-se e desvela-se o retrato da realidade na perspectiva histórica e crítica dessas relações, e de uma fração da população que segue sendo marginalizada por uma herança cultural, social, política e econômica, à mercê do capitalismo; ao fundamentá-la no pensamento de construção de um mundo com maior equidade, igualdade e justiça social, e de dar a voz àqueles que não são ouvidos, é que se abre espaço para a reflexão e visibilidade ao processo permanente de contradições existentes nas relações humanas.
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