Clara Kardonsky Politi volta aos lugares por onde passou, e àquilo que foi nesses lugares, a partir do exercício da memória. Porque somos memória. Somos memória como sujeitos históricos, em devir constante entre uma origem mais ou menos certa e um destino sempre incerto para o qual infalivelmente nós vamos. Somos o testemunho vivo da nossa própria história e, a todo o momento, de alguma forma, estamos nos lembrando de algo: a memória é um processo de criação constante. Porque recordar é também o ato de passar pelo coração novamente as experiências. E nesse gesto sensível, mas também intencional, do exercício de memória, Clara Kardonsky Politi está reconstruindo sua história em "Minhas Coordenadas". De sua terra natal, Villa Domínguez, para Israel, de lá para o Brasil, para o Peru, para o México, Quênia, e novamente para a Argentina, lugares onde ela estava construindo sua vida e sua família. Sua vida de mulher, judia, militante, mãe e esposa. De filha a avó. Do campo às barricadas estudantis, do kibutz aos palácios dos czares, desde a universidade à sua militância nos bairros periféricos, nos espaços de trabalho imigrante. E sempre a convicção da luta pelos direitos humanos.
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