Este livro revela a tradução - conceito utilizado por Boaventura de Sousa Santos - no espaço fronteiriço entre o movimento social do campo brasileiro (MST) e a Universidade Pública Brasileira (em especial a UFRPE), na sala de aula, no assentamento e no acampamento, por meio de cursos de pós-graduação. A tradução, neste contexto, vislumbra a possibilidade de gerar interculturalidade, capaz de produzir uma constelação de saberes, materializando a ecologia dos saberes e a justiça cognitiva. Nessa conjuntura foram analisados saberes, relações de poder, símbolos e tempos pedagógicos das distintas e distantes culturas - hegemônica e contra hegemônica - da universidade pública brasileira e do movimento em questão. Foi identificada uma relação intercultural, norteada pelo diálogo, respeito, troca, parceria, tolerância, admiração, aprendizado e horizontalidade, apesar de o processo de interação não ter ocorrido de forma linear, homogênea e constante, com tensões e contradições. E ficou comprovado que fazemos parte de um mundo de pluralidades e diversidades epistemológicas, geradas pelo diálogo e respeito mútuo, adquiridas e apreendidas, por meio de um convívio entre essas culturas, iniciado desde o nascimento do MST.
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