Neste livro o autor Marcelo Cruz Dalcom Junior (fruto da sua dissertação de mestrado) busca realizar um estudo do romance histórico brasileiro contemporâneo Um defeito de cor (2010), de Ana Maria Gonçalves, sob a luz das teorias de Mikhail Bakhtin e a sua teoria do romance, com as noções de cronotopo, dialogismo e polifonia, e as relações entre literatura e história. Trata-se da saga de Kehinde, desde a sua infância na África, sua captura e chegada ao Brasil, como escrava, onde aprende a ler e a escrever, empreendendo uma grande busca pelo filho vendido. Nessa busca, Kehinde passa por várias cidades brasileiras até voltar à sua terra natal. Sigmund Freud também é utilizado, para analisar o fato de a narradora remontar sua memória a partir da sua infância, época em que os pais são heróis para seus filhos. Os conceitos de Édouard Glissant sobre Retour e Détour, bem como o desexílio de Mário Benedetti são utilizados para analisar algumas das ações da personagem principal. Ao dar a voz a uma escrava, a autora realiza uma metaficção historiográfica e problematiza os limites entre ficção e realidade, trazendo, para o centro das discussões, diversas temáticas, entre as quais se destacam: a presença das outras vozes da história, a dos vencidos, a noção de fonte histórica e a parcialidade do sujeito que escreve a narrativa histórica. Linda Hutcheon (1991) serviu de base teórica para a compreensão da metaficção historiográfica, bem como Walter Benjamin (1993), que articula historicamente o passado e a história não exatamente como aconteceu, mas estabelece um vínculo entre passado e presente em forma de constelação. Assim, Um defeito de cor (2010) desafia o leitor a repensar o presente à luz desse redimensionamento do passado.
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