Se é verdade que superamos a constatação feita por Rosemberg na década de 1990 acerca da baixa representatividade de estudos sobre educação e gênero, se hoje os estudos de gênero na Educação representam um campo epistemológico consolidado, não é o que se pode afirmar nos estudos sobre trabalho docente. Este livro apresenta um balanço da produção científica nacional sobre gênero e trabalho docente nos últimos 20 anos. A produção foi dividida em 2 eixos que apontam para a emergência de novos temas, como os estudos sobre homens professores, professoras lésbicas, inserção, escolhas e trajetórias profissionais, saúde, memórias, subjetividades e sentidos do trabalho docente. Embora se constatem sérias lacunas teóricas e metodológicas sobre gênero nessa produção, as pesquisas desenham importantes reflexões que demonstram o quanto as escolas e universidades estão sujeitas a reproduzir estereótipos e desigualdades de classe, gênero e raça, quando não os invisibilizam por completo. Ver o trabalho docente como um exercício de marcação das diferenças é uma porta que se abre para a análise dos complexos processos sociais que envolvem o trabalho docente, principalmente quando se compreende o quanto tais processos são generificados, mercantilizados e racializados.
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