Diz o Dr. Agostinho Malheiro neste livro:" Pesa-nos dizê-lo, mas é força confessar: o país acha-se profundamente desviado dos únicos verdadeiros princípios da sã moral. Por todas as classes da sociedade, com honrosas exceções, tem lavrado os três grandes males que entre nós hão feito desprezar a observância religiosa dos princípios do dever da consciência e dos da moral cristã, únicos capazes de conduzir à verdadeira felicidade os homens e as Nações.O egoísmo, sufocando todos os deveres e considerações e fazendo predominar tão somente a individualidade pessoal em todas as relações, é o maior mal que hoje pesa sobre a nossa sociedade e por ele são sacrificados todos os deveres morais e sociais.Por outro lado, as paixões políticas, de todas a mais cega, frenética e embriagadora, arrastam como uma torrente impetuosa os homens aos maiores desvarios; fá-los calcar aos pés todas as leis, todos os deveres, todas as considerações para conseguirem o triunfo de seus às vezes pretendidos e tresvariados princípios. Elas têm dividido a Nação, levado a cizânia às famílias, inimizado pais e filhos, os próprios irmãos entre si, enfim, tem trazido ao país os maiores males que sobre ele pesam.A esses dois males, junta-se ainda o patronato mais escandaloso em todos os ramos da organização social. Homens de mérito e de independência de caráter, que não se sujeitam nem se aviltam a andar rastejando quais vermes desprezíveis, são inteiramente esquecidos e, ainda em concorrência com outros de muito inferior capacidade, são preteridos, se lhes falta o forte escudo dessa nova potência intitulada empenho (NE: indicações?), sofrendo com isso muito e muito a pública administração. Esse cancro terrível tem penetrado até no augusto santuário da Justiça.Esses três gravíssimos males têm profundamente corroído a nossa sociedade e ameaçam-nos de morte ou de uma revolução tal que, abalando-a em seus alicerces e revolvendo-a em uma fervura geral, os faça desaparecer, restituindo-nos a um estado capaz de trazer-nos a felicidade.(...)Lendo esse pequeno trecho do livro, o leitor possivelmente reconhecerá uma crítica ao nosso atual estado moral. O país se ressente desses males, da mesma forma como se ressentia deles em... 1850. Cento e setenta e três anos depois, nada mudou? Como, se já naquele tempo sabia-se que esses males afetavam grandemente a felicidade da população que, naquele ano, contava com um número estimado de... 7 a 8 milhões de habitantes.E o que dizer deste outro trecho?Que educação pode receber um menino ou um mancebo que tem por professor um estúpido, ignorante ou um bêbado, imoral, vicioso, incivil? Que sentimentos de boa moral e religiosos pode com tais exemplos receber a mocidade? Que sólida instrução receber de um professor preguiçoso ou sem método de ensinar ou que fala de maneira a não se lhe poder ouvir uma só palavra? Para ser professor, desde as primeiras letras até os estudos superiores, exigem-se muitas qualidades reunidas que nem todos possuem: não é bastante ter grande instrução, é preciso ter bons sentimentos morais e religiosos; saber exprimir-se com método e clareza; não basta ter talento, é preciso não ter preguiça de estudar para ir sempre acompanhando o progresso da ciência. - Não queremos com isso ofender a pessoa alguma, apenas notamos que há muitos que não estão no caso de serem professores por lhes faltarem as qualidades para isso e que, a continuarem as coisas nesse estado, é um gravíssimo mal.Concorda? Essa era a visão de um homem consciente há... 170 anos. Por que não chegamos ainda a esse ponto almejado e o país permanece "deitado eternamente em berço esplêndido"?Avançamos, é preciso reconhecer isso, mas como antigos males permanecem até hoje sem resposta? Por que os problemas atuais não são vistos como uma doença crônica que se instalou no seio de nossa sociedade e cujo tratamento vem sendo ignorado ou tratado com paliativos ao sabor da moda da época e nunca encarados como a marca registrada de um povo que vem errando desde o princípio da nação?O autor arrisca algumas conclusões, remontando nossos erros atuais à colonização e os primeiros colonizadores. A escravidão estabeleceu um princípio de tratamento desumano que se estendeu às relações pessoais como um todo, na forma de uma postura autoritária e desumana que alcançava o seio das próprias famílias. O senhorio persiste até hoje, principalmente nos Estados menos avançados. Depois, quando a lavoura precisava de mão-de-obra, os imigrantes que para cá vinham não viam com bons olhos essa atividade, preferindo outras mais amenas que lhes provessem o sustento. Essas e outras são observações do autor em 1850. Há 170 anos tínhamos o diagnóstico dos problemas, mas jamais buscou-se a cura. O que se vê, ao longo da Cronologia do autor, é uma sucessão de nomes buscando fama e poder a qualquer custo, envolvendo a população em aventuras que nada tinham de salvadoras.Fatos históricos vão se sucedendo ao longo do livro, da mesma forma que desfilam f
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