Nos pampas gaúchos, nasce Miguel, unigênito e de um único sonho: trabalhar no campo e de lá nunca sair. E, claro, incluir a mãe nisso tudo, para carregá-la pós-rodeio e proibi-la de beber pela décima vez. Um romance que retrata a vida, tendo a natureza como pano de fundo, no qual Miguel conhece pessoas que modificam sua história e, como um presente de Deus, recebe um patrão que o trata como filho – ele, que nem tinha pai. A vida, bem, ela é cheia de surpresas. E como um romance sulista, esse pedaço de campo apresenta amores possíveis de ser amados – e outros talvez não – e amizades a ser consumidas. Em Nós Cegos, Janine Falcão desmistifica diversas imagens rurais preestabelecidas. Em algum momento, todos os personagens são virados do avesso, para mostrar quantas voltas podemos dar em uma única existência mesmo que breve. Cegos, muitas vezes, difíceis de se resolver, a vida de Miguel. Em meio a perdas e conquistas – sexo, amor, paixão, machismo e padrões de beleza –, ser peão de estância nunca foi tão complexo. Que este romance baseado em uma história real e desafiador lhe faça desatar nós e conhecer outra realidade, uma cultura vasta, Miguel e, também, Janine Falcão. Fazer curar o que já estava dado por perdido.