Os adolescentes superdotados iniciam nos primeiros anos de vida o processo de construção do seu autoconceito. No contexto familiar e escolar acumulam peripécias e vicissitudes de vivências de socialização e dificuldades de adaptação escolar. Com a consciência de que são diferentes dos seus pares, sentem-se incompreendidos e, muitas vezes, isolam-se e se angustiam. Um dos indicadores precoces da superdotação é a descoberta do caminho da leitura, entre dois e meio a três anos. Com vivacidade e curiosidade ampliadas, espontaneamente, desenvolvem habilidade cognitiva da leitura, sem estimulação ou tentativa de ensino, ao manusearem livros infantis e se comunicam através da grafia: cartazes, placas, propagandas, avisos, surpreendendo a família e a escola infantil. As crianças superdotadas, talentosas e autodidatas, gostam de desenhar e associam, nas histórias infantis, as figuras com o som das palavras, aumentando o repertório. Eles leem, precocemente, mas não escrevem. Pela desarmonia com a coordenação motora, a escrita surge mais tarde. O grupo de pesquisa do estudo foi selecionado numa Sala de Recursos em Altas Habilidades/Superdotação. Investigamos com eles e familiares as circunstâncias em que descobriram a leitura. Na contramão da sociedade, a superdotação não garante sucesso e felicidade. Ao processo de adolescer, sofrido e inevitável, oferecemos um posto de escuta com apoio psicológico para poderem usar a inteligência privilegiada a favor da assunção do seu Projeto de Vida.
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