O Vaticano é uma monarquia absoluta e vitalícia, governado pelo Bispo de Roma, o Papa. Quando morre ou renuncia, como fez Bento XVI, repete-se um procedimento iniciado em 1274 pelo Papa Gregório X: em um conclave, o Colégio de Cardeais reúne-se na Basílica de São Pedro e as votações para a eleição do herdeiro acontecem na Capela Sistina. Na verdade, desde 1179, no Terceiro Concílio de Latrão, presidido pelo Papa Alexandre III, somente cardeais podem votar na escolha do titular do Trono de Pedro, tornando esses eleitores essenciais para a condução política da Igreja, pois, além de auxiliarem o pontífice na administração da Santa Sé, podem eleger seu sucessor. Na prática, entretanto, ser cardeal significa também a possibilidade de ser eleito Papa, já que desde 1378 apenas cardeais alcançaram esse posto. Por isso que cardeais são chamados de Príncipes da Igreja. Desgastado pelos inúmeros escândalos de seu pontificado, como o "Vatileaks", e pressionado pelos radicais, o Papa Bento XVI surpreendeu o mundo ao anunciar sua renúncia em fevereiro de 2013. Sem tempo para articulação política e pressionados para uma solução rápida ao impasse, os cardeais buscaram um nome que pudesse representar algo positivo para melhorar a imagem desgastada da Igreja, mas que, simultaneamente, não fosse capaz de realizar nenhuma mudança estrutural. Assim foi eleito o arcebispo de Buenos Aires, Jorge Bergoglio. Embora não possuíssem ascendência sobre ele, imaginaram que um Papa com um só pulmão, eleito aos 77 anos, não durasse muito. Mas Bergoglio, agora Papa Francisco, sempre soube a dimensão do seu papel na renovação da Igreja. Este livro, uma ficção inspirada em fatos reais, conta a história do Bispo Amarildo, titular da Diocese de Valadares, amigo e confidente do Papa Francisco, na sua viagem a Roma, em novembro, para participar do consistório no qual ele e outros doze religiosos seriam nomeados cardeais. Isolados por conta da quarentena imposta pela pandemia da covid-19, os novos integrantes da mais alta cúpula Católica aproveitam os dias de espera para conversar aberta e francamente sobre os problemas e possíveis soluções para a Igreja. Sexo, drogas, homossexualidade, fé, dinheiro, poder, corrupção, tudo é discutido sem rodeios: afinal, os Príncipes da Igreja não são ingênuos.
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