Quem, em sã consciência e em perfeito uso de suas faculdades mentais, escreveria religiosamente um diário neste século XXI? Isso mesmo, Roziane Jordão. Antes de iniciar a leitura, concentre-se no fato de que estamos diante dos detalhes corriqueiros do cotidiano nada comum de uma garota comum, deslocada no tempo e no espaço, incompreendida e cuja principal via de interlocução sensata é o lápis e o papel de um caderno meio gasto que fora usado como material escolar no ano anterior. Os anos letivos tinham dessas consolações, gastavam um caderno inteiro e o outro sempre ficava pela metade. E foi de metade em metade, de rabisco em rabisco que se fez este livro. Para além das crônicas pueris, baseadas em arroubos das paixões adolescentes, há também o registro minucioso das renúncias e desafios da mulher adulta, conciliando os mais diversos papéis sociais, profissionais e afetivos, sobretudo, no ápice da pandemia mundial do novo coronavírus. Uma curiosidade sobre este livro é que ele foi gestado durante quatro anos, que é o tempo em que a autora escreveu também uma Tese de doutoramento. Conforme podemos constatar no seguinte trecho da obra: "Na Tese, precisei ser técnica e objetiva, escrevendo um material científico, passivo de ser consagrado por meus pares e aprovado por uma banca examinadora crítica e eficiente; aqui, você tem o melhor de mim, a minha subjetividade, meu riso, meu pranto"!
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