Os primeiros minicontos de José Eduardo Degrazia foram publicados no início dos anos 1970 em jornais e revistas de Porto Alegre e São Paulo. Vinham de uma vertente do microrrelato, inicialmente uma vertente do conto e da crônica, e depois trabalhado com uma poética de construção de imagens e de sínteses. O miniconto é uma narrativa de extrema contenção, mas que nunca perde a necessidade de contar uma história, tendo personagem, ambientação e tempo. Os trabalhos de Degrazia, no gênero, abordam principalmente as relações do cotidiano, a solidão das grandes cidades, as crises pessoais e sociais. Sempre dando uma aparência de simplicidade que acaba encontrando a epifania através do insólito, do que rompe subitamente com a ordem. Neste mais novo livro de minicontos, O homem que escrevia no bar, o leitor encontra novos desdobramentos de linhas narrativas e variações sobre acontecimentos aparentemente banais que crescem diante dos conflitos. O humor e a sensibilidade levam à universalidade dos textos, que abordam a fragilidade humana e sua superação. O conto que dá título ao livro é uma história única, porém fragmentada em minicontos. Cada parte tem existência própria que se funde no todo da narrativa. Cada unidade é a personalidade que se manifesta, e o todo é a ambiência, e o tempo que passa: nada melhor para sentir isso do que analisando os tipos que povoam um bar, ainda mais se alguns deles forem escritores, que estão vivendo e descrevendo a ação.
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