O Louco do Cati é um dos livros mais insólitos da literatura brasileira do século XX. Consta que seu autor, Dyonelio Machado - que já havia escrito Os ratos -, estava doente e então foi obrigado a ditar palavra por palavra da história. O resultado, marcado pela oralidade e fluência narrativa, é um primor de composição literária poucas vezes igualado. Espécie de livro de viagem, o romance de Dyonelio começa em Porto Alegre, mas avança Brasil afora - não à toa o título vem sucedido pela palavra "aventura". Pois é a partir da capital gaúcha que uma turma de rapazes decide empreender uma jornada até o litoral. Com eles segue um estrambótico personagem sem nome, um amalucado referido como "Cati". Porém, quando finalmente pisam na areia, dois dos rapazes - Norberto e o Louco - se separam do grupo e continuam a viagem. O que vai acontecer a seguir é um retrato infernal do autoritarismo brasileiro: os dois viajantes são detidos de forma arbitrária na altura de Florianópolis e, de lá, levados de barco ao Rio de Janeiro, a antiga capital federal, onde amargam uma temporada na prisão. Perpassam a narrativa os ares sufocantes do Estado Novo de Getúlio Vargas, durante o qual o próprio autor seria encarcerado devido à militância política para o Partido Comunista. Com O Louco do Cati, Dyonelio Machado aprofundou sua visão literária dos marginalizados e deslocados, trazendo à cena o anti-herói de uma espécie de epopeia às avessas. Um livro sobre a condição humana.
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