"O menino que não dorme" remete-me ao indivíduo que mora dentro de mim, companheiro fiel das minhas insônias. Além de ser profundamente sonhador, mostra-se bastante comovido com as machucaduras da sociedade, para as quais propõe unguentos para sará-las. Mergulhado num mundo que mescla ficção com o real, vale-se da sua inteligência sobrenatural para trazer à tona uma série de questões que vêm assolando o universo humano, dentre elas, encontram-se temáticas ambientais, sociais, preconceitos de gênero e de desigualdades de classe. O cérebro do menino que não dorme encontra-se sempre em movimento, como um moinho d'água: para o moinho - a água; para esse menino - a fala e, para tal, conta com os ouvidos de sua avó que reclama por não deixá-la dormir, mas que também pouco esforço faz para se entregar ao sono. A inteligência do neto e sua admiração por ele aguçam sua curiosidade. A indagação é marca recorrente nos diálogos, como se pode perceber logo na página inicial: "... dos seus lábios nascem palavras vestidas de anjos indagadores...". Convido-o, caro leitor, a mergulhar no universo pensante do menino que não dorme e encante-se com ele!