O Brasil vivencia nos últimos anos uma conjuntura que reúne episódios graves e constantes de ataques aos direitos humanos. Somado a este fator temos a retirada de direitos sociais básicos, como o acesso a alimentação, moradia, saúde, educação e trabalho. Um cenário onde o desmonte do Estado, a desproteção social e a insegurança da população são direcionados para uma suposta ameaça de destruição da família e da ordem moral hegemônica. Para falar sobre a construção deste novo inimigo, Pâmella Passos e Amanda Mendonça recuperam a trajetória de um dos grandes responsáveis por esta invenção: o Movimento Escola sem Partido (MESP). Tal movimento, ao defender uma suposta neutralidade pedagógica, acusa educadores de influenciar seus alunos exercendo sobre eles um poder de persuasão comparado a uma patologia. O MESP passou a reunir uma diversidade de atores, combinando, fundamentalmente, setores da direita intelectual e partidária do país, a cúpula religiosa cristã e setores do empresariado brasileiro - uma atuação combinada de agentes através de uma coalizão conservadora em defesa da "escola neutra". Consolida-se um cenário em que a família está em risco, a educação das crianças corre perigo e o professor é parte importante desta ameaça.
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