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Quando os frades de S. Domingos, do Porto, no primeiro quartel do seculo xvi offerecêram terreno da sua cerca aos portuenses que quizessem edificar, muitos aceitaram a liberdade dos dominicanos, e para logo se formou a rua das Cangostas. Um dos fundadores da nova rua chamava-se Pero Barrios, judeu oriundo de Castella, e official de tecidos de prata e ouro. Os filhos de Pero, indecisos entre Moisés e Jesus, inclinaram-se á religião que mais os caucionava de sustos e desfalques no seu prosperado commercio. Seguiram pontual e ostensivamente o rito romano, guardando em secreto os preceitos d’uma…mehr

Produktbeschreibung
Quando os frades de S. Domingos, do Porto, no primeiro quartel do seculo xvi offerecêram terreno da sua cerca aos portuenses que quizessem edificar, muitos aceitaram a liberdade dos dominicanos, e para logo se formou a rua das Cangostas. Um dos fundadores da nova rua chamava-se Pero Barrios, judeu oriundo de Castella, e official de tecidos de prata e ouro.
Os filhos de Pero, indecisos entre Moisés e Jesus, inclinaram-se á religião que mais os caucionava de sustos e desfalques no seu prosperado commercio. Seguiram pontual e ostensivamente o rito romano, guardando em secreto os preceitos d’uma religião comesinha que ainda hoje nos parece ser a predominante na Europa: a religião da absoluta indifferença por todas.
D’esta arte, a familia Barros, já aporteguezado o appellido hespanhol, fruia socegadamente os seus haveres mediante as toleraveis incommodidades de ir, cada quaresma, confessar culpas veniaes aos dominicos, de presentear o prior com algumas varas de galão de ouro para guarnecer os paramentos sacerdotaes, acudir aos jubileus, aos lausperennes, e á missa nos dias santos com fervor edificativo.