Desde 1985, quando Meg enfrentou a tarefa espinhosa de detectar os "padrões subjacentes" à trilogia Uma memória do futuro, de Bion, sugerindo que expressavam seus processos abstratos de pensamento, sua voz vem adquirindo uma importância excepcional na exegese de sua obra. Articulando com maestria seus conhecimentos sobre estética, literatura e psicanálise, ela produz estudos sólidos e criativos sobre um psicanalista que libertou a psicanálise de seu confinamento autorreferente. Em linha com esse espírito, Meg criou um diálogo ficcional entre o seio que o amamentou (a Aia indiana) e as vozes polifônicas que povoam a trilogia. Neste livro, Meg se dedica a sonhar os sonhos autobiográficos do próprio Bion, começando com suas lembranças evolutivas, passando por sua busca de "congruências simbólicas" e terminando por um passeio microscópico pela obra dos poetas românticos, um berço propício à germinação de pensamentos. É um privilégio poder contar com as obras de Meg Harris Williams em português. Luiz Carlos Uchôa Junqueira Filho