Em romance finalista do Prêmio Portugal Telecom de Literatura, Bernardo Ajzenberg conta a história de um homem dividido entre o passado e o presente; entre os desejos de partir e de voltar para casa; entre as tradiçoes da família judia e suas próprias escolhas; entre a admiração e o ódio ao pai. O protagonista é Leon Zaguer, um jovem de 18 anos que, após conhecer os kibutzim de Israel, se lança a uma viagem pela Europa, vendo de perto a efervescência política que marcou os anos 1970 em Atenas, Belgrado e Paris. Anos depois, o leitor se depara com um Leon escrevente de cartório que, na São Paulo de 1998, chega aos 40 anos em meio a um casamento falido, uma filha distante, um pai moribundo que o rejeita e nenhum plano realizado. Olhos Secos é uma história de formação em que o narrador mantém um diário durante a longa viagem feita na juventude. Nele expoe sua dúvida entre ficar na Europa ou regressar ao Brasil, então sob o regime militar. Vinte anos depois, o resultado é um homem angustiado que vê sua vida chegar a uma encruzilhada. O romance é também um painel dos dilemas e afinidades da geraçao que cresceu sob o regime militar, buscando na democracia europeia e no socialismo alternativas à ditadura brasileira. Para compor este duplo, Ajzenberg alterna entre o relato ingênuo e idealista do jovem Leon e a narrativa onisciente, cortante e incisiva do escrevente, já na idade madura. Além das incertezas, o personagem é marcado por sua incapacidade de superar a barreira que o separa do mundo e o impede, entre outras coisas, de chorar, ou de ter esperança. É somente a partir da necessidade de reagir às ameaças que Leon, a principio relutante, toma a decisão que poderá alterar profundamente a sua vida.
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