Este livro propõe uma leitura da produção do espaço urbano da cidade de Palmas, capital do Tocantins, enquanto desdobramento da sua condição de Laboratório Neoliberal, tendo em vista o contexto político-econômico que permeia a sua fundação, em 1989, a instantaneidade da instauração de questões urbanas comuns às cidades contemporâneas e a fragilidade de forças de resistência protagonizadas por movimentos urbanos de luta por moradia. A partir do resgate histórico dos conflitos por moradia ocorridos ao longo do processo de conformação da cidade, o trabalho pretende dar-lhes visibilidade na história de Palmas e discutir os mecanismos de pacificação sob os quais os mesmos vêm sendo violentamente suprimidos e os consensos vêm sendo forjados, em um contínuo reforço das dinâmicas intrínsecas e necessárias à gestão empresarial da cidade neoliberal. Para tanto, o texto busca, em um primeiro momento, localizar no tempo e no espaço as zonas urbanas disputadas pelos agentes imobiliários em associação com o Estado, para, em um segundo momento, localizar o conflito por moradia no território, identificando seus agentes e as forças pacificadoras que tendem a torná-lo invisível no processo de produção do espaço urbano. Construída por meio de narrativas dos seus "pioneiros periféricos" (aqueles ocultados na historiografia oficial), bem como de lideranças dos movimentos urbanos ligados à causa, em diálogo com matérias de jornal e documentos oficiais, a história da luta por moradia na capital do Tocantins é aqui apresentada e situada no contexto de excepcionalidades, reprodução contínua de clientelas, naturalização de desigualdades, violência policial entre outras formas permanentes de produção de consensos.
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