O lindo postal que é viver num canto bastante atrativo do mundo, trópicos de samba e tal, também tem o seu (per)verso, ampliado pela ingenuidade em acreditar que éramos todos gente de mão dada por história comum. Para assegurar o desastre, aquela que emigra é bicho-do-mato. Em sua defesa, não foi atrás do oba oba, mas sim no encalço de uma grande paixão. Só que o choque cultural foi bastante aparatoso, com vários mortos e feridos. Este foi o catalisador do presente livro, que começou como uma catarse às piores experiências vividas em Terras de Vera Cruz, com descrições indignantes, impróprias para wokes, politicamente correctos e afins. A quem se sentir ofendido, fica já a dica: entenda com humor, daquele tipicamente brasileiro. Posto isto, o livro acabou por tomar as suas próprias rédeas e foi se escrevendo por si mesmo, fugindo o dedilhar do teclado para o grande amor que lá foi vivido, de peito bem aberto, piroso como deve ser. O amor pelo lado selvagem. Pelo Pantanal. Fica já sublinhado que tudo aconteceu, foi experienciado e sentido tal como está descrito. Por isso só poderia ser escrito na primeira pessoa. São crónicas biográficas entre margens opostas de infernos e céus.
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