A natureza do bem tem duas partes nitidamente distintas: a primeira contém a exposição dos princípios católicos e a segunda, as doutrinas maniqueístas. Não é dada uma definição formal de natureza (natura), sinônimo de substância e essência, que é tudo o que é. E tudo o que é, é um bem. Ser e bem identificam-se. Estabelece-se, de saída, um único princípio para a existência, uma só natureza, Deus, o Sumo, eterno e imutável Bem. Tudo mais é criado por ele do nada, e, por isso, é corruptível. Exclui-se, então, que as criaturas tenham algo da substância divina e tem-se, assim, a distinção ontológica entre o ser e os seres criados, dotados de modus, species, ordo - modo, espécie (beleza, forma), ordem - que exprimem o fundamento da ontologia agostiniana. O castigo e o perdão dos pecados nasce no contexto da tentativa de solução definitiva para o cisma donatista, quando se conheceram Agostinho e o dedicatário da obra, Flávio Marcelino, legado imperial designado para preparar e presidir a Conferência de Cartago no ano 411. Agostinho articula sua resposta a Marcelino em três pontos: 1) todo homem nasce pecador, herdeiro da culpa adâmica com sua respectiva pena; 2) o batismo livra-nos de tal herança de morte e 3) o modo com que se é libertado do pecado através do batismo, englobando aí todas as proposições pelagianas, diretas ou consequentes, sem ignorar as dificuldades implicadas.
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