Paulo Freire está hoje no meio de uma acirrada disputa ideológica. Mas este não é um livro sobre a ideologia ou a política partidária de Paulo Freire. Aqui não se entende por política o que se faz dentro da lógica do sistema democrático representativo, mas sim, num sentido mais amplo, o modo como se exerce o poder nas relações estabelecidas com outros e outras numa trama social e, mais especificamente, os modos de exercer o poder ao ensinar e aprender. Paulo Freire nos ajuda a pensar as possibilidades da filosofia em conexão muito próxima com a educação e a política. E é nesse sentido que ele é um filósofo: pela forma como faz de sua vida um problema filosófico e de sua filosofia uma questão existencial na busca de um mundo sem opressores e oprimidos. Nesse contexto, o livro é construído em torno de cinco princípios inspirados na vida de Paulo Freire: a vida (como inseparável de qualquer prática educativa); a igualdade (no início, como pressuposto, e não como finalidade da educação); o amor (não apenas pelas pessoas, mas também pela posição educadora que se ocupa); a errância (no duplo sentido de equivocar-se e de viajar sem destino predeterminado) e a infância (como impulso vital, e não apenas idade cronológica). A obra traz também duas entrevistas reveladoras, uma com filho caçula de Paulo Freire, Lutgardes Costa Freire, e outra com a educadora e amiga Esther Pilar Grossi; além de um apêndice que trata da relação de Paulo Freire com a filosofia com crianças.
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