Poderíamos dizer, então, que o vigor da diferença e da repetição reside em promover uma espécie de clínica filosófica, de saúde, de novo vitalismo, a partir do qual a Filosofia renuncia a servir a toda e qualquer moral, a todos os fundamentos transcendentes, conquistando um encontro com um fora, em que a multiplicidade ruge no meio de um baile de máscaras que nada esconde, que não oculta nenhuma identidade ou arkhé. De que outra forma entender as críticas à imagem do pensamento, mais que como uma tentativa de abrir um espaço a uma filosofia por vir que, em vez de preservar a vida, com seus valores e ressentimentos, seja capaz de a criar; que em vez de reconhecer o que existe, seja capaz de pensar o novo que de repente surge? Com efeito, pensar filosoficamente o novo implica retomá-lo diferentemente. Tal retomada não advém de uma boa vontade da consciência, nem forçada por uma tentação egocêntrica de originalidade meramente subjetiva. O que se passa nesse especial trabalho do pensamento tocado pelo novo é um paradoxo. Este paradoxo é o de uma receptiva plasticidade noemática que, assim que tocada, lancetada, transmuda-se em lances de retomada do novo. Retoma o novo, sim, mas num complexo processo pró-criativo simultaneamente relançado por novos problemas. Assim, nesse processo, o pensar envereda-se por uma ordenação intensiva de componentes de conceitos em vias de uma criação concernente a esses problemas e, portanto, em vias de recriação do novo, e não de sua mera aplicação representativa. Ainda mais: não sendo previamente normatizada por ditames metodológicos do que deva ser, genericamente, a expressividade filosófica, essa recriação é disputada por linhas de fuga estilísticas mais ou menos dotadas de energia ressonântica de uma diferencial intempestividade que a inflama.
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