Poeta interessado principalmente na questão do tempo, das relações humanas e da morte, dono de uma poesia que brota de uma sensibilidade extremamente aguçada para a transitoriedade humana, Alberto da Costa e Silva tem produzido uma grande obra quase em segredo. Em suas memórias (Espelho do príncipe, também lançado pela Nova Fronteira), o poeta restaurou o ambiente familiar e humano em que se deram suas descobertas do mundo. É um de nossos grandes livros de memória e mostra a marcante presença do pai enfermo, configurando sua maneira de ver o mundo. O poeta, que não aceita o ter sido, retorna a seu reino perdido por meio do espelho da memória. Não lhe coube reinar, mas ser apenas o príncipe. E é na condição de infante que ele restaura os móveis humanos de sua pátria mais íntima.O memorialista, na verdade, é um desdobramento do poeta que assume a tarefa de manter sempre vivo o que já foi e continua sendo. Já se disse que o grande motivo poético de sua obra é a figura paterna. Isso, no entanto, é apenas uma meia verdade. Não existe uma única figura privilegiada em sua poesia. Ela sidera em torno das pessoas queridas, principalmente dos familiares. A poesia é, para Alberto da Costa e Silva, uma forma de neutralizar a orfandade humana que ele, grande herdeiro do transitório, sente de maneira mais profunda do que as demais pessoas. De todas as que aparecem nestes Poemas reunidos, a mais saliente é sua mulher. Vera é o símbolo da permanência, como podemos ver num dos sonetos a ela dedicados, no qual o poeta diz que "O que passa persiste no que tenho". A mulher amada continua sempre idolatrada, apesar do chegar da velhice, vista em oposição à juventude, mas como seu prolongamento natural e necessário.
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