O tempo continua passando e nos transformando em meros colecionadores de passados. É uma sensação cativante se pensarmos que todo o passado agrega memórias que constroem caminhos, todos eles envoltos em recortes, marcados por escolhas e desejos. Foi assim que nesta semana ao circular pela cidade de Cruz das Almas, local onde a nossa revista se abriga por 48 anos, pude notar que a cidade está perdendo a memória, mudando de feição, ao adquirir um corpo mais robusto, maquiado por asfalto e construções modernas que ascendem nervosamente procurando o céu e deixando a linearidade das ruas esquecida, como se a cronologia dos anos indicasse que a vida urbana não pode possuir uma mensuração linear, ordenada dentro de uma lógica que só os sonhadores e saudosistas entendem serem passiveis e desejem que continuem. Busquei as casas antigas da minha juventude e encontrava somente terrenos vazios à espera de novas construções ou construções já feitas substituindo padrões antigos e em desuso. Casas lindas. Chegando à Praça Senador Themístocles me deparei com o prédio da Prefeitura, que em 2025 completará um século, ainda impávido e de pé com o seu estilo neocolonial desafiando o tempo e as modernidades, pois, parece que dentro dele não mais importa aquilo que implica em transformação. Ele é intocável, ainda que ameaçado.
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