O pensamento de Andrés Torres Queiruga é permeado pela busca incessante do sentido histórico das ideias teológicas. Busca que se traduz em retorno obediente à Tradição para de novo redizê-la, na liberdade e no diálogo com a cultura, nas categorias deste tempo. A presente obra é mais uma amostra disso. Em seu propósito de repensar o mal, expõe uma visão que diferencia uma "via curta" (a base verdadeira da visão tradicional, apoiada na confiança) e uma "via longa" (que distingue ponerologia, pisteodiceia e teodiceia propriamente dita); insiste na "lógica do apesar de" diante de qualquer finalismo do mal; responde à dificuldade do "mal excessivo" ou possibilidade de salvação escatológica, e, finalmente, atualiza a compreensão de temas tão vivos como o pecado original, a providência, o milagre, a oração de petição, o holocausto e o inferno. Este livro quer "repensar o mal" levando em conta com toda a consequência a secularidade. Partindo do mundo, como se Deus não existisse, obriga a começar a partir de baixo, respeitando a autonomia de seu funcionamento. Então o problema - pela primeira vez em sua história - se estrutura em três passos diferentes. A ponerologia mostra que a finitude, constitutivamente carencial e contraditória, torna inevitável o surgimento do mal. A pisteodiceia parte desse resultado e indica que toda visão do mal é uma resposta, uma "fé" que deve ser justificada: seja a náusea sartriana ou a esperança religiosa. A teodiceia é então a "pisteodiceia" cristã, que agora pode romper o dilema, alcançar coerência e apresentar Deus como o Antimal.
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