O tempo e a memória formam o eixo desta história narrada com os fios delicados da saudade, às vezes com os do arrependimento, em outras tantas com os da consciência tardia do que faz nascerem e se fortalecerem os laços familiares. No trajeto entre acontecimentos científicos do presente e projeções esperançosas para o futuro, a mulher madura que se revela como narradora deste romance repassa uma história familiar provavelmente comum a muitos de nós, enfrentando os conflitos, as tensões e os imensos afetos que se estabelecem entre as mulheres de um núcleo familiar em que o pai é uma figura lateral. Ressuscitar passados, inventar futuros: aqui, ciência e literatura viajam no tempo dos sonhos para chegar ao impossível. "De certos lugares, e na hora certa, é possível ver o passado e o futuro, segreda Silvana Tavano. Ressuscitar mamutes é essa hora e esse lugar, concebidos com o presente da palavra. Livro-máquina do tempo, aparelho de alta precisão que conjuga número e metáfora, forma e tema, era geológica e figura de linguagem, temos aqui um híbrido de memória, ensaio e ficção composto de planos, de restos, de nuvens, letras e fósseis, mas principalmente do afeto de uma filha por uma mãe que já morreu. Objetos cotidianos que ficaram e lembranças são imantados da ternura, da raiva, da combinação sempre nova e sempre antiga, sempre igual e sempre diferente do que costumamos chamar de amor. E o amor é o de todas as filhas por todas as mães, incluindo as não humanas: as mamutes que, diz a ciência, talvez nos salvem. Pois a humanidade está em risco, e o retorno ao que já foi pode garantir o que virá. Assim, com a ponta do pé já de frente para o abismo, Silvana encara a esperança e a desesperança; o sentido e a falta dele; e percebe que a mãe é também ela própria. [...]" Natalia Timerman
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