De maneira muito original, o autor traz uma perspectiva interseccional para o debate sobre a loucura no Brasil. Demonstra como o racismo está engendrado nos mecanismos de manicomialização e como o ambiente social age para tornar vulneráveis pessoas negras, indígenas, condição social e também mulheres e LGBTQIA+. A partir de conceitos como desnorteamento, descolonização e aquilombação, e apoiado em sua própria atuação como trabalhador na Rede de Atenção Psicossocial ligada ao SUS, Emiliano de Camargo David faz uma defesa contundente pelo fim das internações e pelo desmonte dos manicômios, em favor da construção de um sistema coordenado de atenção e cuidado à saúde mental das populações brasileiras marginalizadas, em que o indivíduo seja atendido e apoiado em sua própria comunidade, em seu próprio território. Este processo, que chama de antimanicolonial, é aquele que permite o reforçamento/reconstrução de vínculos afetivos e estruturais no interior da comunidade, entre indivíduos, entre indivíduo e a coletivadade e na relação indivíduo/comunidade/território. Uma visão renovadora e inovadora para a luta antimanicomial e que desnuda, ao mesmo tempo, os vários preconceitos (raciais, étnicos, de gênero) que permeiam as relações interpessoais e institucionais no Brasil.
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