Estou convencido de que o meu caro leitor vai usufruir deste livro, com muita fé, no intuito não somente de revelar a vida do Santo Charbel, mas também no desejo de praticar o que ele ensinou a fim de obter a graça divina. A devoção a Santo Charbel é o caminho certo para encontrar a paz, o caminho reservado por Deus dentro da alma de cada ser hu- mano chamado para ser santo e para com os momentos ruins que defronta na sua existência passageira na Terra. Santo Charbel é uma lição de vida para todas as gerações, pois apresenta a riqueza material como o fruto exclusivo da ganância e da opressão e como o caminho para a aflição, o vício, a desgraça: escra- viza, corrompe, endurece, infelicita. Por oposição, pobreza é, inva- riavelmente, sinônimo de bondade, liberdade, virtude, honestidade, felicidade. Ele foi como o Cristo, o primeiro a exaltar repetidamente os pobres e rebaixar os ricos. Para Santo Charbel, a humanidade é o es- pírito de Deus na Terra. Esse espírito caminha no meio das nações, pregando o amor, revelando o sentido da vida, mas recebe apenas o ódio e os risos. Foi o mesmo espírito que Cristo ouviu e seguiu, provocando assim sua própria crucificação. Nas suas preces, Santo Charbel amava os inimigos do Líbano, sua terra natal, pois eles são filhos do espírito universal. Tomai do meu povo o que quiseres, fazei de mim o que quise- res, vertei o meu sangue, sangue do meu povo e queimai meu corpo; não poderás molestar jamais a minha alma, nem poderás matá-la. En- cadeia as mãos e pés dos meus compatriotas e seguidores, e jogai-os nas prisões escuras; nunca poderás acorrentar os seus pensamentos, porque são livres como o vento que corre no espaço ilimitado e incomensurável. Santo Charbel é um fenômeno extraordinário. Ele jamais trocava as tristezas do seu coração pelas alegrias dos homens. Ele preferia que a vida dele permanecesse como uma lágrima que purifica o seu coração e o faz compreender os mistérios e segredos da vida. Ele fazia do seu sorriso um meio que o aproximava dos seus se- melhantes e simbolizava a sua glorificação a Deus. Ele preferia morrer de muito desejar a viver na indiferença. Ele sentia nas suas profun- dezas a fome pelo amor ao próximo, pois ele observava e verificava que os satisfeitos são os mais infelizes dos homens e os que mais se assemelham à matéria inanimada. Os homens são barulhentos como as tempestades, e na sua so- lidão e silêncio, eles gemem em voz baixa, pois a violência da tem- pestade passa e é engolida pelo abismo dos tempos; mas os gemidos sobreviverão em Deus. Os homens se apegam à matéria, fria como o aço; enquanto Santo Charbel procurava o fogo do amor e apertava-o contra o seu peito, para que consumassem as suas costelas e suas entranhas; pois a matéria mata o homem sem dor, e o amor lhe assegura a vida através das dores. O silêncio e a dor desembocam num mar de alegria e de co- nhecimentos porque a Sabedoria Divina não criou nada em vão sobre a face da Terra.
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