O maior dos nossos dilemas, segundo Nilton Bonder, é escolher entre viver a vida ou habitar o imaginário. Na primeira opção, encontramos gozos e limitações. Já na segunda, podemos criar nossos mundos interiores. É ali, no imaginário, que conjeturamos, elaboramos e fraturamos nossos gestos entre primeiras e segundas intenções. Se os fenômenos físico-químicos que regem o universo se dão na lógica da ação e reação, os fenômenos humanos mais sofisticados do ponto de vista evolutivo são pautados pela lógica das intenções. A intenção denota a existência de um sujeito dotado de livre-arbítrio agindo de acordo com suas escolhas. No entanto, muitas ações carregam intenções dúbias ou dissimuladas, ocultando um sujeito que tenta manipular a realidade de acordo com suas expectativas imaginárias. Depois de A alma imoral, Nilton Bonder passeia pelos ricos pomares da tradição judaica midráshica, onde encontra, surpreendentemente, raízes que atravessam a moderna psicanálise. Driblando as respostas fáceis, Segundas intenções pretende ser um mapa para o encontro, sem culpas e subterfúgios, das legítimas primeiras intenções.
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