Nelson Rodrigues se revela um escritor de fronteira, pois viveu de maneira tão forte a cultura tradicional do Rio de Janeiro, localizada na região da Zona Norte, quando percebeu a emergência de uma cultura alternativa e liberal que se opusesse a esse modelo. Tornou-se um historiador de seu tempo, apresentando de forma veemente em suas obras, as formas de viver e se relacionar nos anos dourados. Pode-se verificar seu apego ao passado nas memórias da infância e juventude, formadoras da sua visão de mundo, possibilitando olhar o presente com desconfiança e pessimismo. Seu lado moralista fala mais alto quando elogia o amor romântico e o descompasso das relações humanas no presente. Já até chegou a pronunciar seu lado mais identificado com a belle époque, apontamento que se torna mote desta investigação. Ao trazer à tona as relações amorosas, Nelson Rodrigues colabora, de forma inédita, para a inauguração de um debate no Brasil (tanto na imprensa como no teatro) sobre a moralidade da família carioca. O percurso civilizador da família ganha um contorno de relevância social. O destaque está na forma de apresentar temas vindos diretos da ordem privada, da vida íntima dos moradores da cidade, da privacidade, que se tornam dilemas percebidos no âmbito doméstico e não deixam de ter uma amplitude histórica envolvida nesse processo de monitoramento da família nuclear, burguesa e capitalista.
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