O movimento abolicionista brasileiro também contou com as artes em seu esforço de denunciar a desumanidade da escravidão no Brasil. Este é um dos valores inquestionáveis desta obra do pesquisador João Roberto Faria, ao trazer a público uma extensa dramaturgia do século 19 em que a violência e os horrores do escravismo foi exposta ao grande público nos grandes teatros brasileiros e em grande número. QUARTA-CAPA Antes da internet, da TV, do cinema e do rádio havia apenas o teatro como caixa coletiva de ressonância social. No Brasil da segunda metade do século XIX, era por meio dele que a sociedade era refletida e refletia, ou não, sobre si mesma, seus deleites e suas mazelas, e não havia então mazela maior, nem que causasse mais polarização, do que o escravismo. Enquanto sucessivos governos evitavam a todo custo pôr um fim definitivo à chaga aprovando leis anódinas que pretendiam fazer uma libertação "lenta, gradual e segura", para não prejudicar os fazendeiros e a economia nacional, a ideia abolicionista ganhava cada vez mais força e adeptos, principalmente nas cidades e entre os artistas e intelectuais. Resultado de extensa e profunda pesquisa, Teatro e Escravidão no Brasil, de João Roberto Faria, traz à luz eventos de norte a sul do país, resenhas de jornais, pareceres do Conservatório Dramático (responsável por autorizar ou não as encenações no Rio de Janeiro) e originais há muito esquecidos, resgatando o papel do teatro nesse embate que rachou a sociedade brasileira de alto a baixo, literalmente do trono à rua, e cujas consequências perduram até hoje. Um panorama não só das artes, como da luta pelo futuro do país. DA CAPA Imagem da capa: Teatro São João, c. 1820. Gravura. Lerrouge e Bernard a partir de Jacques Etienne Arago. Mostra o principal teatro brasileiro do século 19 e o movimento de pessoas no largo, com escravizados em muito maior número.
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