Qual é a relação entre cinema e espectador? Essa é a questão fundamental para a teoria do cinema, que Thomas Elsaesser e Malte Hagener colocam no centro desse livro esclarecedor e envolvente. Todo tipo de cinema (e toda teoria do cinema) primeiro imagina um espectador ideal e, então, mapeia determinadas interações dinâmicas entre a tela e a mente, o corpo e os sentidos do espectador. Usando sete configurações distintas de espectador e tela, que passam progressivamente de relações "exteriores" para relações "interiores", os autores rememoram os estágios mais importantes da teoria do cinema, desde os primórdios até o presente - das teorias neorrealista e modernista às teorias psicanalítica, do "dispositivo", fenomenológica e cognitiva, incluindo interseções recentes com a filosofia e a neurologia. O livro também discute filmes contemporâneos, como Ela e Gravidade, e traz ainda um capítulo que situa a teoria do cinema em plena era digital. Referência por sua abordagem inovadora, este livro trabalha o horizonte conceitual do audiovisual através da gravidade que os filmes impõem na recepção. Obras-chave foram escolhidas para repercutir uma densa rede conceitual, com raiz nos principais pensadores do cinema nos séculos XX e XXI. Trata-se de reflexão atual que tem a singularidade de trabalhar com filmes recentes e clássicos. Advoga a simultaneidade de formas estilísticas e pensamento, negando qualquer tipo de flecha teleológica evolucionista. Para tal, os autores fazem uma espécie de mapeamento do que seria um corpo fílmico, mostrando sua superfície sensorial e suas faculdades perceptivas, táteis ou sensório-motoras. São elas que constelam, na história, "muitos pontos de contato do cinema com os sentidos humanos e o corpo do espectador". Fernão Pessoa Ramos
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