O Laboratório de Trabalho, Sofrimento e Ação (LATRASA) é jovem, mas este livro pontua uma década de trabalho da criadora do laboratório no Programa de Pós-Graduação em Psicologia na Universidade Católica de Brasília (UCB). O nome dela é Lêda Gonçalves de Freitas, mulher, negra, militante, professora e pesquisadora. A obra reúne as pesquisas da professora com suas orientandas que, juntas, olharam para diferentes ocupações, sejam professores do ensino médio, motoristas de aplicativos, entregadores-ciclistas, negros e negras que vivenciam o racismo estrutural, magistrados, agricultoras, servidores públicos e trabalhadores da iniciativa privada. Fizeram escutas clínicas com boa parte destes trabalhadores e acabaram desenvolvendo um corpo teórico-metodológico próprio. Este é fortemente ancorado em pressupostos do pensamento pós-colonial, mas também atravessados pela herança dos saberes já produzidos por outros pesquisadores das clínicas do trabalho, de fora do Brasil, mas também do que já foi desenvolvido aqui, no país, a partir do que se vê no real do trabalho que faz sofrer diante da nossa brasilidade, que inclui, entre tantos detalhes, a universidade ir até os trabalhadores estejam eles onde estiverem. Destarte, no LATRASA, inovam e chamam este trabalho de escuta dos trabalhadores de "escuta política do sofrimento no trabalho". (Liliam Deisy Ghizoni)
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