O que é um memorial? O que significa voltar ao passado e dele selecionar acontecimentos, fatos, circunstâncias, impressões - numa palavra: memórias, para entendê-las à luz do presente? Magda Soares, em seu memorial Metamemória - memórias, apropria-se da bela figura do "risco do bordado", de Autran Dourado, e a assume como mote para analisar sua travessia de uma educadora. É exatamente isto: quando o bordado está pronto, o "risco" que orientou sua composição não mais existe; é preciso redescobri-lo. Assim é a vida: para entendê-la, é preciso lembrar os acontecimentos, narrar os fatos, recordar as circunstâncias, tornar presentes as impressões. Fazer o "desenho" de como nos formamos, ou de como fomos formados. Tempo de infância, na família e na escola. Tempo da adolescência e da juventude, abrindo-se para o mundo da cultura, da religião, do trabalho e da política. Tempo de adulto, na via profissional. Tudo a seu tempo, misturado. Esta é a composição que Leôncio nos revela em seu memorial: sua trajetória individual, mas compartilhada. Muitos outros devem ter feito caminhos parecidos. Seu valor: rico exemplo de uma geração, situada e datada. A importante descoberta de um Brasil preso às amarras de uma feroz ditadura, pouco mediada pela escola, mais aberta na universidade, pelo que permitia para além do ensino. Corajosamente mediada pelas igrejas. Ricamente revelada pela música e pelo teatro de protesto. Sua vida profissional se fez por um processo de descobertas coerente ao logo do tempo. Sua contribuição é significativa, principalmente por ter ocorrido em uma área pouco valorizada: a educação de jovens e adultos, nela compreendida a formação de seus futuros profissionais. Osmar Fávero - Professor emérito de Educação da UFF
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