Gira: uma jovem sai de uma cidade do interior e vai para São Paulo para trabalhar na noite como garota de programa, sua intenção é ganhar dinheiro, superar decepções amorosas e frustrações por ter nascido pobre. Mas ela acaba entrando num labirinto onde tudo é mais difícil e leva mais tempo do que esperava. Ela tem vários nomes, e em suas anotações sobre a noite passada, narra vivências e descreve suas perambulações pela noite de São Paulo como forma de desabafo e meio de lidar com os sentimentos decorrentes dessa experiência. Ela recomeça no mesmo labirinto, mas a essa altura já aprendeu várias lições e sente-se mais preparada. Marca: um autista, uma mulher com síndrome do pânico, uma grávida de gêmeos indesejados impossibilitada de se locomover e um homem de muletas que acabou de atirá-las pela janela, atingindo a cabeça da ex-namorada. A história é narrada no presente, os personagens não têm nomes, são identificados pela situação em que se encontram. É final de semana de carnaval, os quatro não podem sair de casa, a polícia pode chegar a qualquer momento, para prender o homem de muletas. No apartamento se desenrola a história: tensão, medos, segredos, magoas, emoções, sentimentos ambivalentes, compreensões e um novo futuro começa a se delinear para os quatro personagens e para os bebês que nascem durante o fatídico final de semana. Curva: O cenário é a Curva, uma cidade periférica, povoada de mendigos, deficientes físicos, desempregados, gangues, crianças e animais abandonados, trabalhadores que só vêm pra casa à noite, ladrões e mulheres grávidas. Violência, vícios, pobreza, desesperança, doenças, morte, excessos e carências de todos os tipos. A narradora não tem nome é uma moça que espreita a vida na Curva de um ponto estratégico: o brechó arca do tesouro. A narradora usa uma linguagem poética, crítica e tão reveladora que até parece tratar-se de um mundo surreal. Ela tenta a todo custo preservar sua integridade, mas de tanto ver coisas ruins acontecendo já não consegue ser otimista, os pobres se multiplicam e as consequências da pobreza também. A Curva não tem fim.