Quantos ingressos dos jogos da Seleção Brasileira e da final da Copa do Mundo foram efetivamente colocados à venda na roleta eletrônica que a Fifa criou? Por que já começam a aparecer ingressos no mercado negro se a entidade diz que todos são nominais? Algumas respostas poderão ser encontradas em Um jogo cada vez mais sujo. O jornalista escocês Andrew Jennings investiga os bastidores da Fifa há vinte anos, lançou Jogo sujo no Brasil em 2011 e foi um dos principais responsáveis pelas investigações que resultaram nas expulsões de João Havelange e Ricardo Teixeira da entidade. Por essas e outras, o jornalista foi banido de todos os eventos da Fifa e é considerado seu inimigo número 1. Um dos capítulos do livro denuncia o esquema fraudulento da venda ingressos na Copa. O negócio é administrado pelos irmãos mexicanos Enrique e Jaime Byrom, hoje radicados em Manchester. Eles têm como sócios a Match Serviços de Eventos, cujo acionista é Philippe Blatter, sobrinho do presidente da Fifa Joseph Blatter. Assim que tomou conhecimento das denúncias do novo volume de Jennings, o escritório de advocacia BM&A, que representa a Fifa no Brasil, enviou uma notificação para a editora Panda Books, ameaçando processá-la por "falsas acusações, conteúdo calunioso, conteúdo inverídico e danos à honra e à imagem" caso o livro seja publicado no país. O escritório BM&A tem como um dos sócios Francisco Müssnich, advogado e amigo de Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, ex-membro do comitê executivo da Fifa e uma das figuras centrais do, como diz Jennings, "Padrão Fifa de fazer negócios e manter tudo em segredo". Por meio dessa amizade, Müssnich ganhou de Teixeira um cargo no comitê organizador da Copa e também uma vaga no Superior Tribunal de Justiça Desportiva.
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