Em "Um objeto cortante", segundo livro da poeta Alexandra Maia, a força do feminino modela as palavras e as transforma em faca. Faca que corta, certeira, faca que rabisca imagens com a delicadeza necessária para colocar o leitor em um fio suspenso, equilibrado pela autora com mestria. Alexandra é íntima das palavras, faz delas corpo robusto, encarando a vida em sua complexidade, entre proximidades e distâncias intensas. "Um objecto corta, entre margem de sorriso e margem de nervo, a nossa paz de ler sem sermos tocados. Aqui os objectos escritos, descritos, falados, propostos — tocam. E pode doer." (Ondjaki) "Precisei viver outras coisas para lançar esse segundo livro", explica a escritora, que dessa vez escreveu sobre o amor e a falta dele. "Não só o amor pelo outro. Também pela solidão, pelo escrever, pelo tempo, pelas pessoas que me rodeiam. E é também um mergulho. Há um poema logo no início ("Depois"), que fala sobre o que é mergulhar em si e, de dentro, entender as pérolas que os poemas são", afirma Alexandra, que recebeu elogios pela obra do poeta angolano Ondjaki e da premiada poetisa brasileira Adélia Prado.