"O médico que só sabe de medicina, nem de medicina sabe" é uma das traduções mais comuns para a célebre frase de Abel Salazar. Estendemos o alerta para todas as pessoas interessadas na história da saúde. Não há como pensar a medicina, suas práticas e seus representantes fora da rede de pessoas, sentimentos, técnicas, pactos e conflitos que dão forma às questões sociais, econômicas e políticas vigentes em determinado contexto ? ainda que este seja passível de transformações, influenciado por aquilo que influencia. O livro aqui apresentado exemplifica essa rede que torna a saúde e a medicina fenômenos necessariamente sócio-históricos. Na segunda metade do Oitocentos, um grupo de esculápios decidiu lançar uma gazeta médica na Bahia. As causas para tal, bem como a compreensão desse tipo de jornal e sua circulação entre 1866 e 1870, são cernes das três partes em que esta obra se divide. Na primeira, Vanessa Queiroz apresenta a Gazeta Medica da Bahia ao (à) leitor (a), ora dialogando, ora destacando pontos deixados no escuro pela historiografia tradicional. Na segunda, perscruta a higiene pública como mote da publicação. Na terceira, analisa as constantes aparições da cólera-morbo na folha médica baiana em sua primeira fase. A estrutura contribui para o entendimento de que a medicina, os médicos e a saúde nunca são uma coisa só, nem existem de forma isolada. A imprensa médica como conceito histórico e lugar de alteridade, conforme apresentada pela historiadora, ratifica a assertiva.
Dieser Download kann aus rechtlichen Gründen nur mit Rechnungsadresse in A, B, BG, CY, CZ, D, DK, EW, E, FIN, F, GR, H, IRL, I, LT, L, LR, M, NL, PL, P, R, S, SLO, SK ausgeliefert werden.