O livro Uma teoria sobre tolerância pretende lidar com as dificuldades conceituais e práticas da ideia de tolerância. Como um conceito que é construído a partir de fundamentos morais e políticos, a obra objetiva reestruturar o conceito de tolerância a partir da definição de subjetividade que ele endossa. Inspirando-se na estrutura da dialética hegeliana, o livro propõe que há três figuras pelas quais o conceito de tolerância se determina como percurso em movimento. A primeira figura, chamada de tolerância subjetiva, é baseada na subjetividade individualista e define a tolerância como o ato negativo de suportar algo que causa aversão. A segunda figura, chamada de tolerância intersubjetiva, toma a subjetividade como resultado de um processo de autoconsciência e reconhecimento, definindo a tolerância como um ato de restrição do desejo de si em face do desejo do outro. A terceira figura, chamada de tolerância objetiva, remete à subjetividade como resultado de um processo de formação política por meio da liberdade social e ética, e define a tolerância como o reconhecimento do lugar normativo público de costumes reproduzidos socialmente por relações institucionais não majoritárias, portanto têm a função de equilibrar os desejos da maioria em face dos desejos da minoria, em um cenário democrático. Por meio do movimento dialético entre essas três figuras, é possível observar como a tolerância lida com afetos políticos e, assim, suprassume-se em perspectivas mais gerais e inclusivas que a tornam uma parte intrínseca da formação da subjetividade moral e política contemporânea.
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