"Acredito que um dos caminhos mais promissores para compreender uma obra é encontrar a motivação de seu autor. Não aquela que encontra justificativa em suas premissas teóricas, mas a que se configura de forma implícita ou é sutilmente revelada num espanto. Ouçamos o que nos diz Adriana: "E me dou conta de que tive que cruzar um oceano e pelo menos um continente inteiro para me ver no meio de uma manifestação." Adriana não poderia simplesmente ficar em São Paulo denunciando os abusos de poder que, aliás, aparecem da mesma forma em toda e qualquer parte do mundo? Sem dúvida nenhuma, mas esse é justamente um dos méritos de seu livro: a luta pela libertação do povo palestino se identifica, de certo modo, com a luta de outros povos e se torna internacional. Mas, por outro lado, Adriana Mabilia também mostra as particularidades de como é viver em um território sob ocupação militar, com destaque para os famosos checkpoints. Entre 2000 e 2006, de acordo com Adriana, das 69 palestinas que deram à luz nos checkpoints, pelo menos 35 perderam seus bebês por falta de atendimento médico. Assim, apesar de a opressão israelense atingir a todos, ressalta a autora que "as mulheres palestinas são pelo menos três vezes vítimas no conflito com Israel: elas vivem a guerra, a ocupação e ainda o patriarcado [...] além de sofrerem abusos diretos por parte dos soldados israelenses, as palestinas enfrentam as consequências indiretas, como o aumento do desemprego e a pobreza". Adriana consegue convencer-nos, a partir das experiências da vida cotidiana das mulheres palestinas, que a questão do gênero funciona como uma nova maneira de lidar com os valores patriarcais, conduzindo-o para caminhos diferentes." - Reginaldo Mattar Nasser Professor de Relações Internacionais da PUC-SP
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