Com este Volante verde, o leitor brasileiro tem em mãos um dos mais importantes títulos de António Ramos Rosa, premiado poeta responsável pelos Cadernos do Meio-Dia e pela revista Árvore. Estruturado pela exatidão de seus 100 poemas de 15 ou 20 versos, este livro revela um desejo de unidade formal em sua concepção, sendo, portanto, fundamental seu entendimento como conjunto, fruto de uma mesma janela da extensa experiência poética de Ramos Rosa. Como desde o título escutamos, estes poemas nos convidam à presença de um voo a percorrer uma espacialidade, definida como um "planeta imenso e verde", para nela buscar escutar o silêncio em sua essência anterior à linguagem, "o pulsar da terra no seu obscuro esplendor". E já que a "construção do poema é a construção do mundo", como nos alerta o autor, neste Volante verde somos apartados das problemáticas do mundo maquinal moderno para adentrarmos em uma harmônica melodia nascida da conciliação do autor consigo mesmo e com este poético mundo erigido a partir de uma experiência de regozijo: "Encontro-me no mundo, sou o ar que desce/ alegra, o ar, o sol, o sangue. O corpo é tão feliz/ que reina na extensão em transparência verde.". Que estas "palavras aéreas" administradas pelas exímias mãos de António Ramos Rosa levem o leitor à "pulsação/ clara e quase cega da matéria feliz". Roberto Bezerra de Menezes
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