No paraíso só se come cru. Nada de suor do rosto, de trabalhos plasmados em preparações culinárias para guardar, comer depois, chamada avati, comida de homens. Só aqueles expulsos do paraíso tentam reconquistar seus sabores, cozinhando, cozinhando incessantemente. O crítico que vai a um restaurante tem uma ideia a respeito. E comentará o trabalho do chef da sua perspectiva. Ora, além da cultura gastronômica, o ambiente social da crítica é fundamental para definir seu formato, alcance e compromissos. Seria útil se os jornalistas soubessem a diferença entre "narrar" e "descrever". Se soubessem situar o leitor dentro do drama culinário, o que é diferente de se aproximar dele como se fosse uma paisagem ou adereço. A crítica, na verdade, tem que estabelecer uma ponte: entre a minha cabeça e a do cozinheiro. É ingenuidade pensar que, observando restaurante adentro, possa se formar um bom juízo sobre a qualidade do que comemos. O "negócio restaurante" deve ser objeto de tratamento da crítica gastronômi-ca, ou pertence às páginas de economia dos grandes jornais? Hoje os pratos perderam o nome evocativo de fantasia. Difunde-se uma linguagem de cardápio onde predomina, sobre a fantasia, a descrição que se pretende "objetiva".
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