Desde o início do período libertário do "amanhecer da Era de Aquarius", interagindo em um ambiente fortemente polarizado, entre as décadas de 1960 a 1990 do século XX, José Guilherme Merquior pautou o debate cultural no Brasil. O jovem, que se tornou adulto em plena Guerra Fria, em seus primeiros textos já impunha sua voz. Seu olhar penetrava na realidade observável, revelando os resultados desastrosos da implantação concreta do ideário marxista, que considerava totalizante e totalitário.
Seu tom assertivo, aliado a uma petulância estilística altiva e destemida, ocupava muitas páginas no lendário "Caderno B" do Jornal do Brasil. Não deixava críticas sem resposta, e suas polêmicas com outros intelectuais, psicanalistas e artistas eram comentadas nas areias do píer da praia de Ipanema, antigo point da classe média da zona sul carioca.
Pensador inquieto, cronista sagaz, crítico severo e impetuoso, enquanto vivo impunha sua voz, influindo e pautando o debate cultural. Morto, permanece silenciado, excomungado pelos grafocratas das corporações acadêmicas e midiáticas.
Suas ideias, seus textos, o que ele diz sobre o quê e sobre quem, e sua repercussão nacional e internacional são janelas apontando o largo horizonte de sua produção, compondo a silhueta de seu intelecto: ausência de preconceito ideológico, certeza de que não existem livros malditos, o ceticismo organizado, a dúvida permanente, e a busca incessante, não pela verdade, mas pelo conhecimento.
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