Este estudo da obra "O vento assobiando nas gruas" (2002), de Lídia Jorge, tem o objetivo de explorar analiticamente as evidências de seu jogo de vozes. Com esse propósito observar como se constroem as evidências de uma voz narrativa feminina. Explorar, portanto, a condição da intelectual contemporânea que, ao exercitar a escrita, a partir dessa elaboração autoconsciente (aquela em que a literatura tem como tema sua própria construção), procura intervir no espaço público pela palavra. Está implícito, no direcionamento dessa questão, a importância do leitor em atividade crítica e se evidencia nessa perspectiva uma proposta da escritora-intelectual de provocar o leitor comum. Para Lídia Jorge, tanto a crítica quanto a prosa de ficção são construções discursivas cujas interseções são passíveis de problematização. Em O vento assobiando nas gruas, a narrativa autoconsciente propõe-se como uma literatura dialógica, oferecendo as condições para a visualização de um contexto histórico, social e econômico. É possível, através desse efeito de real, elaborar uma consciência das impressões autocríticas da escritora da cultura contemporânea.