O presente estudo objetiva analisar como se dá a (re) (des) construção do "eu", enquanto identidade, no romance A Paixão Segundo G.H. de Clarice Lispector diante da crise dos valores e da linguagem, criada a partir da perspectiva psico-filosófica da alteridade. Para tanto, buscaremos apoio na perspectiva de Nietzsche e Montaigne acerca da linguagem e dos "valores morais e sociais" e nos apontamentos de Julia Kristeva, Paul Ricoeur e de Freud a respeito da condição de "estrangeiro" em relação ao mundo que cerca o homem, além do trabalho relativo à fortuna crítica acerca da obra de Clarice Lispector. Objetivamos, deste modo, expor a forma como Clarice Lispector articula, na multiplicidade de sua narrativa, o encontro entre esferas distintas, permitindo assim a subjetivação e renovação do passado e a criação de novos signos, que neutralizam e implodem a noção logicista e atomicista de "eu", assim como as noções de verdade, de significados e valores, por vezes, cristalizados.
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